Antônio da Conceição FerreiraA boa escola faz com que novas sementes nasçam;
Com cuidado o caule cresce.
Chega a estação da árvore florescer.
Graças ao campo fertilizado teremos na safra bons frutos para colher.
o lugar certo, o tempo certo,
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Cobrador aproveita a necessidade de distração dos passageiros e monta uma biblioteca na linha 82. Agora ele quer expandir sua idéia para todo o transporte coletivo do DF.
educação”. Antônio é um cidadão consciente e sem interesses. Sua única meta é levar a todas as classes sociais e faixas etárias o que um dia ele tanto quis e não teve oportunidade de conseguir. “Meu maior retorno é o prazer de difundir a cultura e estimular outras pessoas a fazerem o mesmo. Graças ao meu incentivo, meu filho hoje tem muito mais prazer pela leitura”, afirma.Isabella Meneses
O transporte coletivo sempre está me surpreendendo. Entre uma baratinha andando na parede e uma suntuosa tela plana passando amenidades, me deparei outro dia com a melhor surpresa delas. E falo no melhor sentido possível. Foi só rodar a roleta e, quando sentei, antes mesmo de imaginar o resto do percurso entediante da minha viagem, avisto um porta livros repleto de títulos instigantes. “Poxa, que ótimo” – pensei. O próximo passo foi sentar ao lado do cobrador e puxar o assunto.
- Esses livros... qual é a idéia?
Muito animado, esse cobrador mostra a sua graça. E com certeza não é só dar o troco:
“O nome do Projeto é Cultura no Ônibus”, diz Antônio, 36 anos, morador de Sobradinho II. “Pago um aluguel para guardar um acervo de mais de quatro mil livros”, comenta orgulhoso, porém nem tão satisfeito...
Antônio defende a sua idéia com a maior disposição. Não se rogou a registrar a autoria do Projeto. Mas, também, desconfio que não falte quem gostaria de ter inventado essa idéia.
“Como funciona?” perguntei interessada.
“O passageiro faz um cadastro e pode ler o livro no ônibus e até levar pra casa. Se a pessoa precisar de algum livro ou autor, pode até me ligar que verifico no acervo e trago para cá”, responde muito solícito.
A conversa e a viagem prosseguem. “O passageiro não tem acesso à bibliotecas. Muitas vezes, por motivo de horários, sai e chega em casa e não há tempo para mais nada. Aqui o passageiro só paga a passagem para fazer o seu trajeto habitual e pode ter esse acesso”, explica.
Realmente só nos resta comemorar. Ter à mão um bom livro é ter um companheiro de viagem. E não digo só por mim. Antônio acredita que o Projeto é capaz de motivar e aproximar os passageiros ao rico universo da leitura. Ao montar o pequeno acervo itinerante escolhe uma variedade de tipos de leitura, para que atraia as diversas idades.O Projeto Cultura no Ônibus é uma iniciativa autônoma. Mas espera parceria de instituições que puderem colaborar. Já conta com voluntários animadores da idéia. Antônio espera parcerias que possam ampliar o atendimento e as dimensões do Projeto. A meta esperada é instalar um porta-livros em pelo menos um ônibus de cada linha. Nem preciso dizer que adorei essa viagem!